Blaise Pascal
Pascal nasceu em Clermont-Ferrand-França, no dia 19 de junho de 1623.
Desde seus 11 , Blaise demonstrou brilhantismo excepcional ao reconstituir as provas de geometria euclidiana até a Proporção 32. Aos 12, compôs sozinho um tratado sobre a comunicação de sons e, aos 16, um outro sobre as divisões cônicas. Blaise era um gênio incontestável.
Mas sua inteligência não lhe subiu à cabeça. Pascal sempre foi apontado como uma pessoa muito humilde e simpática com os demais com quem convivia. Essa era uma virtude que lhe acompanhava desde a infância.
Em 1637, foi convidado a ter encontros semanais de discussão com matemáticos vamosos da época, como Roberval, Mersenne e Mydorge. Foi a própria academia Francesa quem promoveu esses diálogos e incentivou as pesquisas daquele garotinho de apenas 14 anos.
René Descartes, que era o maior matemático vivo naquela época, recusou-se a acreditar que aquela profundidade de raciocínio pudesse partir de um garoto. Chegou a supor que Pascal havia plagiado suas idéias de um outro matemático chamado Gérard Desargues. O fato, porém, é que havia elementos novos no trabalho de Pascal, que nem mesmo os grandes matemáticos haviam percebido.
Assim, a Academia Francesa resolveu publicar suas obras, que se tornaram rapidamente conhecidas em toda a Europa.
Aos 18 anos, ele construiu a primeira máquina aritmética da História, um instrumento no qual trabalhou durante 8 anso até aperfeiçoar o sistema. Pena que não conseguiu patentear o produto, de modo que a máquina de calcular que Libniz projetaria no futuro acabou sendo considerada a ancestral da calculadora, embora Pascal já houvesse inventado um modelo.
Numa correspondência particular com Fermat, Pascal admite ter sentido especial interesse pelo estudo da geometria e da física analítica. Repetiu experimentos de Dr.Torricelli e provou, contra as idéias de Père Noel, que o ar possui peso. Desenvolveu o barômetro, instrumento pra medir a pressão atmosférica, e ainda conseguiu, pela primeira vez na História, produzir vácuo (total ausência de oxigênio) a partir da inversão de um frasco de mercúrio.
Foi em meio a essas últimas pesquisas que Pascal se sentiu totalmente atraído pelo chamado religioso. Numa noite de 1664, ele se sentiu muito de perto a presença de Deus, numa experiência espiritual que durou cerca de 2 horas. Segundo ele escreveu nos seus Pensamentos, naquela noite, o Senhor lhe mostrou em que consistia "a grandeza e a miséria do gênero humano". E Pascal escolheu a grandeza, escolheu ser um servo de Deus.
A certeza que brotara em seu coração era forte demais para nutrir qualquer dúvida quanto à realidade do Céu. Porém, Pascal pensara nas pessoas que, por algum motivo, não tinham a mesma convicção. Ele conhecia vários intelectuais que há tempos haviam perdido a fé. Logo, aquele que tanto contribuiu para avanços matemáticos, físicos e químicos, resolveu agora usar sua genialidade mental para testemunhar acerca do Criador de todo o Universo.
Pascal entendia que as argumentações racionais tinham um grande valor no discurso acerca de Deus.
Certo dia, quando Pascal e seus amigos estavam discutindo pensamentos numa praça da cidade de Paris, algo aconteceu. Pascal afirmou: " Aposto com vocês que, matematicamente falando, crer em Deus é mais lucrativo do que descrer nele."
"Como? perguntou um de seus colegas.
"É simples", respondeu Pascal. "Você pode, enquanto ateu, ter tudo o que um crente possui: família, saúde,cultura, princípios etc. Enquanto ateu, você pode ainda argumentar que ninguém pode provar-lhe, para longe de qualquer questionamento, que Deus existe. Logo, se você e um crente morrem, é possível dizer que a vida de vocês terminou num empate. Tudo o que teve, o outro também possuiía. Assim, se você estiver certo no seu ateísmo, o empate continua, pois ambos terão o mesmo fim. Porém, se o crente estiver certo, então haverá um desempate, pois não será possível que ambos desfrutem da mesma sorte diante do juízo de Deus."
Pascal teve uma saúde debilitada, mas mesmo no leito de dor ele escreveu um sublime memorial entitulado "O Mistério de Jesus", onde testemunha seu amor pelo Filho de Deus. Se envolveu em trabalhos de caridade e projetou um sofisticado sistema de transporte público para a cidade de Paria. Faleceu em 1662. Segundo alguns biógrafos, suas últimas palavras foram: "Por favor, meu Deus, jamais me deixe sozinho."
Texto retirado do livro "Eles criam em Deus" do autor Rodrigo P. Silva licenciado em Filosofia, doutor em Teologia, especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém.Editora Casa Publicadora Brasileira.